Introdução
Desde a fusão entre Vero e Americanet, em julho do ano passado, as expectativas de novas uniões entre PPPs (Prestadoras de Pequeno Porte) e grandes operadoras aumentaram. A confirmação recente de conversações entre Vivo e Desktop indica que essas fusões e aquisições (M&As) podem estar mais próximas de se concretizar. Neste artigo, discutimos as implicações dessas movimentações no mercado de provedores de Internet e o impacto das mudanças regulatórias para as PPPs.
Fusão entre Vivo e Desktop: Impacto no Mercado de São Paulo
Com mais de 1 milhão de conexões, a aquisição da Desktop pela Vivo reforçaria a base de clientes da operadora em São Paulo, seu mercado prioritário. Além disso, a Vivo reduziria a diferença para a líder de mercado, Claro, que possui 10 milhões de clientes, enquanto a Vivo detém 6,87 milhões de assinantes.
Concentração de Mercado e a Expansão das PPPs
De acordo com a pesquisa TIC Provedores do CETIC.br, em 2022, havia pouco mais de 11,6 mil provedores ativos no Brasil, uma queda de 9,3% em relação a 2020. No entanto, as PPPs continuam dominando o mercado regional, com mais de 50% de market share em 3.394 cidades, e em mais de mil delas, o share supera 80%.
Ataques à Assimetria Regulatória e o Plano Geral de Metas de Competição
Grandes operadoras como Claro, Vivo e TIM criticam a assimetria regulatória estabelecida pela Resolução 765, que dá benefícios às PPPs em comparação com as grandes teles. A principal crítica é o artigo 90, que foi descrito por executivos das operadoras como a criação de uma categoria de “consumidor de segunda classe”.
Expansão das Teles e o Futuro da Banda Larga no Brasil
Com a expansão tecnológica de suas redes, as grandes teles têm liderado as adições de acessos fixos. No entanto, a previsão é que o crescimento do número de conexões ativas diminua nos próximos anos. Estima-se que, em três anos, a banda larga atinja 75% dos lares, ao invés dos 85% anteriormente previstos.
M&As como Alternativa de Crescimento para as Teles
As fusões e aquisições (M&As) tornaram-se a principal alternativa para o crescimento das grandes operadoras no mercado de provedores de Internet. Se as teles continuarem a realizar M&As, poderão entrar em novas áreas por meio de PPPs adquiridas, que ainda se beneficiam de regras regulatórias mais flexíveis.
Consumidores e Regras Flexíveis para ISPs com Menos de 5 Mil Acessos
O artigo 90, parágrafo 5º da Resolução 765 isenta os ISPs com até 5 mil acessos de algumas das principais obrigações regulatórias, como prazos para reparos e operação de canais de atendimento. No entanto, os provedores menores precisam considerar os impactos dessas isenções na satisfação do cliente, especialmente entre idosos, que representam uma parte significativa dos novos usuários da Internet.
A Importância da Satisfação do Cliente para PPPs
A satisfação do cliente é essencial para os provedores menores que desejam competir no mercado. Embora o novo RGC permita a redução de custos por meio de regras mais flexíveis, as PPPs devem investir em atendimento de qualidade para conquistar e reter clientes, especialmente em um mercado onde a universalização do acesso à Internet está próxima.
Conclusão
As fusões entre grandes operadoras e PPPs estão moldando o futuro do mercado de provedores de Internet no Brasil. Enquanto as grandes teles buscam crescer por meio de M&As, os provedores regionais precisam se adaptar às mudanças regulatórias e garantir a satisfação do cliente para permanecer competitivos. O cumprimento estrito das normas pode não ser suficiente para sobreviver em um mercado cada vez mais concentrado.
*Fabio Vianna Coelho é sócio da VianaTel, consultoria especializada na regularização de provedores de Internet (ISPs), e do RadiusNet. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente representam o ponto de vista de TELETIME.